Eis artigo intitulado “A verdade sobre o desmatamento do Parque do Cocó”, publicado no O POVO desta segunda-feira. Quem assina é Murilo Ferreira, engenheiro agrônomo, que questiona os arroubos dos ambientalistas em torno da derrubada de 94 árvores em trecho do Cocó por onde passarão dois viadutos na avenida Antonio Sales no encontro da Engenheiro Santana Júnior. Confira:
O poder municipal, no afã de atender às necessidades da população no que diz respeito às vias de transporte para deslocamento com maior rapidez, principalmente os coletivos que transportam grande número de pessoas, iniciou as obras dos viadutos na área do Parque do Cocó.
O plano está traçado e a população espera os benefícios. Têm inicio as obras, as primeiras árvores são cortadas e começam os primeiros confrontos de ordem social. De um lado, uma população que não sai de casa, não xinga, não bloqueia, não prejudica o ir e vir das pessoas pois é um direito constitucional) e que torce para que a obra seja executada. Do outro lado, outra classe de pessoas (suponho ambientalistas) que não admitem, que sofrem com a derrubada das árvores, que fazem piquete, num claro desconhecimento do que seja de causa “científica” do problema. E aí população se pergunta: é por causa do corte das plantas ou é por questão política? Se for por questão política até se admite, pois em política todo mundo procura suas melhoras; mas se for por questão ambiental ,aí é ignorar os fatos.
Pelo que se sabe, a área desmatada ocupa uma área de 8 metros de largura por 280 metros de comprimento, ou seja, menos de 1/3 um terço de uma hectare, que são 10.000 m². Ou seja, 94 árvores, do ponto de vista ocupacional, é irrisório e do ponto vista ambiental, pior ainda. Não tem significância nenhuma no que diz respeito à absorção de carbono e produção de oxigênio, pois todas plantas já são adultas, com mais de 20 anos de plantio.
Em florestas velhas, na relação resgate de carbono e eliminação de oxigênio para atmosfera, há um equilíbrio entre anabolismo e catabolismo, tornando nulo o balanço metabólico, que, por conseguinte, não altera em nada o meio ambiente.
Cada hectare de floresta em desenvolvimento é capaz de absorver de 150 a 200t de CO2 , então 3.000m² onde estão as 94 plantas absorvem somente 45t. O projeto da construção do viaduto prevê o plantio de 600 árvores. Considerando o espaço entre elas de 8m x 8m, ocuparia uma área de 3,8 hectares, que, em termos de absorção de carbono, representaria 570t, bem maior do que 45t que se vai desmatar. Este desmatamento provocará a degradação da qualidade ambiental? Prejudicará a saúde e o bem-estar da população? Afetará as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente? Está claro que não, pois contra fatos não há argumento.
* Murilo Ferreira,
Engenheiro agrônomo.