
Com o título “Turismo: risco real e imediato”, o ex-secretário do Turismo do Ceará, Allan Aguiar, aborda neste artigo a questão da insegurança atualmente registrada em Fortaleza. Ele avalia os efeitos econômicos que poderão advir, caso se consolide a imagem de Fortaleza como cidade insegura. Confira:
São graves os efeitos econômicos que poderão advir caso se consolide a imagem de Fortaleza como cidade insegura, onde a violência saiu dos padrões de razoabilidade. Na hierarquia das prioridades de quem viaja, a segurança do Destino Turístico ocupa a primeira colocação e mostra-se como principal variável na equação decisória do Turista. Óbvio, ninguém quer expor-se, muito menos sua família, a riscos do gênero.
São muitos os exemplos, no Brasil e no mundo, de Destinos turísticos que passaram pela degradação de suas imagens e levaram anos contabilizando prejuízos representados pela queda do fluxo turístico e, consequentemente, da receita e da renda turística.
No Nordeste do Brasil temos o exemplo de Recife que chegou a perder quase que a totalidade do fluxo de lazer e entretenimento e, por conseguinte, dos investimentos privados voltados pare esse perfil de consumidor, por ser considerada uma cidade arriscada demais para passear. No ranking nacional, Recife figurava como a cidade de maiores índices de violência por cem mil habitantes, rivalizando com Maceió, Aracaju, Salvador, Rio e São Paulo. A grande imprensa nacional reverberava essa fragilidade, consolidando na cabeça do brasileiro o risco de optar pela capital pernambucana.
Hoje, assistimos nossa Fortaleza ocupar a linha de frente das variadas pesquisas que comparam o quadro de violência urbana das principais cidades do Brasil. Estamos sempre perto do topo, quando não nele, dos indicadores de violência. Os esforços promocionais do marketing turístico do Estado, que tem na Capital seu destino mais requisitado pelos consumidores de viagens, estão em risco diante da mais desconcertante má fama que um Destino pode ter: Insegurança.
Ninguém topa ir conhecer a faixa de gaza, a Síria ou o Iraque, inobstante serem regiões muito bonitas. Existe uma correlação quase perfeita de inversa proporcionalidade entre as linhas do gráfico de violência e de fluxo turístico de lazer.
Nesse ponto, alguns veículos de comunicação poderiam tratar o tema com menos estardalhaço, procurando não pautar a grande imprensa dos mercados emissores de Turistas, assemelhando-se a prática de muitos destinos americanos e europeus que procuram atenuar os efeitos midiáticos das ocorrências policiais acontecidas em seus domínios, que não são poucas. Nesses Destinos, existe uma consciência bem difundida dos efeitos nefastos dessa má fama.
As pesquisas que o setor realiza, regularmente, junto aqueles brasileiros que compram o Destino Fortaleza não captam a insegurança pública como fator crítico de sucesso, ainda. Inobstante os indicadores do Ministério da Justiça apontarem que violência em Fortaleza já tomou contornos de epidemia, a sensação de segurança nos principais corredores turísticos é garantida pelas Hilux e os Troller’s da PM e do seu Batalhão PMTUR, que, registre-se, foi uma criação elogiável do Governo do Estado.
Aos gestores públicos e ao trade turístico, restam reflexão e ação planejada no sentido de não permitir a degeneração da nossa imagem de ambiente de alegria, cultura e muito sol e mar, vantagens comparativas vitais para a atividade, para a de assaltos, latrocínios, furtos, roubos e etc. São milhares de postos de trabalho em jogo, em uma cidade que tem no Turismo (serviços) sua monocultura.
*Allan Aguiar,
Ex-secretário do Turismo do Ceará, foi também presidente da Fundação de Turismo Integrado do Nordeste (CTI – Nordeste).