O jornal Financial Times trouxe matéria, nesta semana, destacando Fortaleza e a Arena Castelão. O título da matéria é “Fortaleza, primeira cidade a fazer gol para o Brasil na Copa”. Confira a matéria traduzida e, ao final, link para o original(com acesso pago).
Quando o grande “templo do futebol”, o estádio do Maracanã no Rio, reabriu no fim de semana, somente duas de suas entradas estavam completas, faltavam alguns assentos e a área ao redor relembrava um canteiro de obras. Mas com a Presidente Dilma Rousseff presente entre a multidão e o jogo de abertura entre dois times liderados pelos ex-artilheiros Ronaldo e Bebeto, o lar espiritual do futebol brasileiro esteve sob os holofotes. Próximo ano ele sediará a final da Copa do Mundo pela primeira vez desde 1950.
Há mais de 2 mil km ao norte, porém, talvez a cidade costeira de Fortaleza, menor e mais pobre, mereça mais atenção.
Ao contrário do Maracanã que, apesar da prestigiada abertura, ainda está inacabado e com obras em atraso, Fortaleza é a primeira das 12 cidades que sediarão os jogos da Copa a estar com a reconstrução do seu estádio completa. Além disso, tudo foi feito sem custos adicionais (aditivos) e no tempo recorde de cerca de 20 meses – muito antes do início da Copa das Confederação que é um ensaio para a Copa do Mundo e que começa no próximo mês.
“Normalmente um estádio com 60 mil assentos leva cerca de 32 meses para ser construído”, declarou Ronald Werner, o arquiteto da Vigliecca & Associates de SP que projetou a obra. O atraente estádio de Fortaleza, a Arena Castelão, pode abrir precedentes para outras obras públicas relacionadas ao esporte, à medida em que o governo se prepara para sediar a olimpíadas dois anos após a copa do mundo. Pode também servir de exemplo de como administrar grandes projetos em geral – o governo luta para implementar um programa de R$ 985 bi ($492 bi) para superar a
sucateada infraestrutura do país.
Ao tempo em que o governo está investindo R$7,1 bi nos estádios para a Copa, essa enorme soma não evitou atrasos e custos extra-orçamento. Das seis cidades que sediam a Copa das Confederações, três não cumpriram o prazo limite de 31 de dezembro estabelecido pela FIFA nem a extensão desse prazo para 15 de abril. Incluem-se aí Rio de Janeiro, Brasília e Recife. Jerome Velcke, secretário geral da FIFA, avisou mês passado que não poderá existir o mesmo tipo de atraso para a Copa do Mundo, que contará com quatro vezes mais partidas e terá cerca de 3 milhões de expectadores, incluindo 500 mil estrangeiros. “A data final para entrega dos estádios para a copa do mundo FIFA é dezembro de 2013. Não haverá concessões”, disse ele.
A princípio, Fortaleza também esperava atrasos. Além da lentidão no processo de licitação, o estádio só foi entregue à construtora em abril de 2011, menos de dois anos da data limite para entrega, afirma Sr. Werner. Porém, a partir da entrega o governo, arquitetos e a construtora Galvão Engenharia resolveram acelerar a obra. Eles simplificaram o projeto, construindo em etapas independentes de forma a não ter uma parte da obra esperando a conclusão de outra. Havia também no local da obra um departamento representando vários órgãos de governo que diminuía a semanas decisões que poderiam levar meses.
A uma certa altura o projeto foi ameaçado por greves, mas a construtora e governo chegaram rapidamente a um acordo sobre aumento com os sindicatos de trabalhadores. A um custo de R$519 milhões, para cerca de 64 mil assentos, o projeto ficou dentro do orçamento previsto e com o menor custo por assento do que o Maracanã que está custando R$ 808 milhões, para pouco menos de 80 mil assentos, ou Brasília – 1 bi para 72 mil assentos. “Fomos o mais barato e não tivemos nenhum custo adicional ou fora do planejado,” declarou Ferruccio Feitosa, o Secretário da Copa no Estado do Ceará cuja capital é Fortaleza.
Visto de cima, o estádio Castelão de Fortaleza lembra uma anêmona-do-mar gigante com uma enorme praça em um de seus lados. Ao contrário de Brasília, que não possui grandes times relacionados a seu estádio, o futuro é promissor para o Castelão que possui três grandes clubes utilizando-se dele. Paul McCartney se apresentará lá na próxima semana, criando a expectativa para outras fontes de recursos (com o uso do estádio).
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