
Com o título “Por que perseguem Yoani Sánchez?”, eis artigo do jornalista Plínio Bortolotti, no O POVO desta quinta-feira. Ele lamenta a onda de perseguição de setores da esquerda que, sobre a jornalista, agem feito censores. Confira:
A razão de Yoani Sánchez ser perseguida em Cuba, todos conhecem. É das poucas vozes que se atrevem a confrontar a ditadura dos Castros. Sua arma é um blog, o Generacion Y (http://migre.me/dkprB), conhecido no mundo todo. Há 20 anos ela tentava viajar para outros países, mas sempre teve o visto negado, vista como um perigo pelo governo. Finalmente, autorizada a sair da ilha, Yoani planejou uma viagem por 80 países, em alguns dos quais receberá prêmios e comendas, devido à importância de seu blog.
Escolheu vir primeiro ao Brasil. E aqui defrontou-se com fãs do governo cubano. Se fossem somente manifestações, ok, faz parte da democracia. Na chegada, Yoani saudou o protesto contra a sua presença, dizendo sonhar com o dia em que a juventude de seu país terá a mesma liberdade.
(“Vivo em um país onde opinião é traição.”)
Mas os atos foram se tornando violentos: xingam-na de “agente da CIA”, acusam-na de ser espiã dos EUA, atiram em seu rosto notas falsas de dólar. Trocando-se CIA por KGB e EUA por URSS, eram as mesmas acusações que a ditadura militar brasileira fazia aos militantes de esquerda. (Que infelicidade: como se parecem com seus algozes alguns dos antigos perseguidos.)
Quando Yoani fala, o tumulto abafa a sua apresentação com “palavras de ordem”; quando ela sorri, a turba agride. Aos gritos, conseguiram impedir a exibição do documentário Conexão Cuba-Honduras, na qual ela é uma das entrevistadas, que seria lançado em Feira de Santana (BA).
Manifestações contra Yoani são coordenados pela União da Juventude Socialista, ligada ao PCdoB, o mesmo partido que idolatra o regime da Coreia do Norte e sua corte “comunista”. Portanto, no Brasil, ela é perseguida por fanáticos do autoritarismo.
O mais estranho é o silêncio de próceres da esquerda “democrática”, PT incluído, que não se manifestam contra a intolerância, tirante a exceção corajosa do senador Eduardo Suplicy, que confrontou a horda.
Eu entendo que, em situação assim, aqueles com um mínimo de dignidade, independentemente das divergências com Yoani, têm o dever moral de defendê-la.
* Plínio Bortolotti
plinio@opovo.com.br
Diretor Institucional do Grupo de Comunicação O POVO.