Com o título “Os Ferreira Gomes”, eis artigo do presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos (CAEP), Gilvan Rocha. Ele aborda o fato de setores da chamada “esquerda direitosa” procurarem sempre algum inimigo para explicar o fracasso de suas ações políticas. No caso de Fortaleza, ele bate duro no PT. Confira:
Passaram-se as campanhas eleitorais de 2012. Praticamente não se ouviu falar no capitalismo, causa de nossos problemas sociais e ambientais. Não ouvimos falar nas verdadeiras causas de nossas desditas e isso é do interesse da burguesia.
Para a manutenção do sistema socioeconômico vigente é de vital importância que todas as questões sejam tratadas como de natureza estritamente administrativa. Os discursos descambavam para a prática constante da demagogia, do logro e da fantasia.
O mais criminoso de tudo, consistia no fato de que esse comportamento não somente era levado a cabo pelos segmentos da direita explicita. A esquerda direitosa, há muitos anos, assumiu a postura política em dizer que o capitalismo seria bom e exequível, desde que administrado com honestidade e a devida competência. Trata-se de uma grosseira mentira. Governos vão e vêm e o sistema capitalista, em seu momento de exaustão, permanece produzindo e multiplicando desgraças sociais e ambientais. Mas a esquerda direitosa, para sobreviver, necessita de um discurso em que esteja colocada a figura de um inimigo, cujo papel seja o de substituir o capitalismo.
O stalinismo aboliu a luta de classes e nomeou a contradição: nação opressora versus nação oprimida. Elegeu o imperialismo norte americano como causa do mal, ao invés de tê-lo visto como produto. Em nível doméstico, a esquerda direitosa, criou uma falsa dicotomia entre dois projetos: o neoliberal e o nacional desenvolvimentista, frente e verso do capitalismo.
Enquanto isso, em nível do Ceará e, mais especificamente em Fortaleza, a esquerda direitosa, liderada pelo PT, descobriu que o recém aliado, os Ferreira Gomes, eram a encarnação do mal. Trata-se de um artifício para prosseguir a velha política de se furtar a verdadeira contradição da sociedade socioeconômica vigente. Ao invés de burguesia e classes trabalhadoras, passa-se a ter, “os petralhas versus tucanalhas” e, de repente, erige-se uma oligarquia e, como outrora fizera Quixote, atacam-se moinhos de vento.
* Gilvan Rocha,
gilvanrocha50@gmail.com
Presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos (Caep).