Com o título “Em defesa da advocacia”, eis artigo do presidente da Associação dos Advogados do Ceará, Hélio Winston. Ele aborda as dificuldades do exercício dessa profissão e obras emperradas no plano do Poder Judiciário, como a reforma do Fórum Clóvis Bevilaqua. Confira:
A profissão de advogado tem se revelado sempre como uma das mais polêmicas atividades do ser humano. Execrada por uns, adorada por outros, ela sempre foi, contudo, uma profissão ligada aos valores essenciais da pessoa humana, imprescindível para a composição dos litígios e para a punição justa dos comportamentos delituosos.
O exercício da advocacia tem se revelado uma imprescindível ferramenta para a sociedade democrática. Hoje, como em outras épocas, a advocacia atravessa um período muito difícil devido à conjugação de uma série de condições adversas – endógenas e exógenas.
Entre as primeiras, está a sua massificação e a sua mercantilização que, em muitos casos, vem conduzindo à degeneração ética e deontológica da profissão e, consequentemente, à perda de prestígio, de dignidade e em geral do respeito dos cidadãos.
Simultaneamente, assistimos a um dos piores períodos da advocacia cearense, onde o exercício profissional está, entre outros motivos, há aproximadamente três anos, seriamente comprometido com uma reforma no Fórum Estadual que não se vislumbra quando vai terminar.
De outro turno, a forma como os advogados e nossas prerrogativas profissionais são, em geral, tratadas nos tribunais é indigna e incompatível com um Poder Judiciário de um Estado Democrático de Direito.
Por tudo isso, tal como em outros momentos da nossa história, teremos de ser nós, os advogados, a sair mais uma vez em defesa da garantia da sociedade e da boa administração da Justiça.
A Advocacia, digo com orgulho, constitui o eixo da roda que faz mover a justiça em um Estado Democrático de Direito. Os advogados constituem a mais forte e genuína garantia da independência do Poder Judiciário.
Sem advogados livres e independentes os tribunais serão sempre subservientes com os poderosos e autoritários com os humildes; serão tanto mais fortes com os fracos, quanto mais fracos serão com os fortes.
É necessário e imperioso lutar pelo aperfeiçoamento do atual sistema judiciário a fim de que seja garantido a todos os cidadãos, independentemente da respectiva situação econômica, o acesso à Justiça e aos tribunais.
* Hélio Winston – heliowinston@heliowinstonleitao.adv.br
Presidente da Associação dos Advogados do Ceará.