Com o título “Fracassso na segurança pública”, eis artigo publicado no O POVO deste sábado pelo professor, médico e antropólogo Antonio Mourão Cavalcante. Ele debulha uma estatística negativa contra o Programa Ronda do Quarteirão. Confira:
Não precisa ter mente privilegiada para lembrar que a campanha eleitoral de Cid Gomes – disputa pelo primeiro mandato – foi toda focada na questão da segurança pública. Prometeu que a violência ia ser combatida com garra, verbas e inteligência. Uma proposta que seria modelo para o País. Não deixava por menos.
Vamos entrar no sexto ano de aplicação desse modelo. E, as estatísticas não revelam o sucesso prometido. Em 2010, o Ceará foi o quarto Estado do Brasil que menos investiu em segurança pública. A área da Defesa Civil sofreu uma queda de 42,64% de investimentos, que passou de R$ 77 milhões para R$ 44 milhões, entre 2009 e 2010.
Os dados são da quinta edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2011, divulgados na quarta-feira última, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O índice de homicídios cresceu em 20,7% no Estado, entre os anos de 2009 e 2010.
Os casos de tráfico de drogas aumentaram em 2008, 4%, o maior do País. No Interior, a situação é ainda mais trágica. Caótica. Bancos assaltados, tiroteios nas praças, sequestros. O terror.
Poderíamos apresentar outros números, mais dados. Mas estes já ilustram bem. Doutra parte, a violência não saiu das pautas ou manchetes dos jornais e dos noticiários de rádio e televisão.
Isso vem revelar o que desde o início venho alertando: segurança pública é algo muito mais complexo do que viaturas blindadas, de alto custo, com guardas bem fardados e pouco preparados. Mais parecendo uma montagem publicitária.
As políticas públicas, voltadas ao problema da segurança, necessitam de apoio da comunidade. Da participação. Do empenho de todos. Resposta às demandas que complementam as ações: escola funcionando (quase 30 mil alunos do ensino médio em evasão e reprovação, 2010), postos de saúde funcionando, limpeza funcionando, ruas iluminadas. A construção de uma outra convivência social.
Segurança pública não pode apenas ser retórica para palanque em vésperas de eleição.
* Antonio Mourão Cavalcante – a_mourao@hotmail.com
Médico, antropólogo e professor universitário.
VAMOS NÓS – Vai aparecer alguém do Ronda do Quarteirão ou da cúpula da Segurança Pública para rebater esse artigo?