Com o título “Humildade na vitória, sobriedade na derrota”, eis artigo de Rodrigo Saraiva Marinho, advogado, professor de Direito, mestre em Direito Constitucional e membro do conselho administrativo do Instituto Mises Brasil. Hora de lembrar um tricolor de aço de verdade. Confira:
Meu pai, Francisco Célio Cavalcante Marinho ou, simplesmente, Celinho, faleceu no último Clássico Rei do ano, no dia 8/4/2018. No intervalo do jogo ele sentiu uma forte dor no peito, foi ao hospital, não resistiu ao ataque cardíaco e partiu. Ele tinha 63 anos e faria 64 no dia 16/11/2018, um dia depois do maior título da história do time dele, do nosso time, o Fortaleza Esporte Clube.
Nesse dia eu não estava com ele, deve ter sido um dos poucos jogos da minha vida em que não estivemos juntos, estava em Porto Alegre para ministrar algumas palestras no período do maior evento liberal do País, o Fórum da Liberdade. Estava acompanhado da minha esposa que tinha perdido o pai dela, Francisco Edson Madruga Fernandes, há 12 dias. É absurdo o tanto de coisa que se passa na cabeça de um filho que não estava com o pai no seu momento derradeiro.
Desde os meus 2 anos acompanhei o meu pai nos jogos do Fortaleza, a memória mais distante é a dele me cobrindo com sua camisa enquanto chovia e jogavam Fortaleza x Quixadá no estádio Presidente Vargas. Essa memória segue guardada com muito carinho.
Já sorri, já chorei, já me ajoelhei pedindo que ganhássemos a disputa de pênaltis, já vi meu pai chorar em momentos mágicos como a subida de 2004, em que todo Castelão esperava o fim do jogo Brasiliense x Bahia e o Fortaleza só tinha 2% de chance de subir. Já o vi encantado, realizando o sonho de ver uma Copa do Mundo e de ver o Brasil nessa mesma Copa aqui na nossa cidade.
O meu pai me ensinou muita coisa na arquibancada no estádio, me ensinou que devemos ter humildade, em especial, quando ganhamos, para respeitar o adversário e entender que eles não são inimigos. Que devermos ter sobriedade na derrota para saber que não é o fim do mundo e que outros dias virão.
Ele me ensinou que, ganhar e perder faz parte da vida, mas que se deve sempre se dedicar ao máximo para ganhar. Ensinou a mim que tudo que é feito merece ser bem feito e me ensinou amar o Fortaleza e respeitar o Ceará.
Ensinou que é fantástico ter irmãos e amigos que pensam e torcem para times diferentes, mas que isso não os diminui, e sim soma para que o mundo possa ser um lugar melhor. Pai, onde quer que você esteja, receba o meu beijo e parabéns pelo seu aniversário.
*Rodrigo Saraiva Marinho
rodrigo@marinhoeassociados.com.br
Advogado, professor de Direito, mestre em Direito Constitucional e membro do conselho administrativo do Instituto Mises Brasil.