“Da audácia dos assaltantes, não escapam nem as instituições filantrópicas sem fins lucrativos. A Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza foi a vítima da vez. Ontem, o hospital foi assaltado por uma quadrilha.
Segundo o provedor da Santa Casa, Luís Marques, eram quase 17 horas quando quatro homens chegaram ao prédio da rua Barão do Rio Branco, no Centro. Dois desceram do carro, enquanto os outros dois entraram no hospital. Estavam com revólveres e exigiram dinheiro.
No momento da ação, a instituição tinha cerca de R$ 75 mil no caixa. Era dia de pagamento dos funcionários que não têm conta em banco e recebem em dinheiro ao fim do expediente. Até aquele momento, apenas R$ 15 mil haviam sido utilizados. Mensalmente, cerca de R$ 90 mil são utilizados em salários de cerca de 70 médicos prestadores de serviços.
A abordagem foi com o rosto à mostra. Tanto na entrada quanto na saída. A dupla percorreu os 50 metros desde a entrada até a tesouraria fazendo ameaças. “Não tiveram receio de nada. Renderam um homem e prenderam no banheiro”, narra Luís Marques.
Informação
O provedor suspeita que o bando teve acesso a informações privilegiadas de como o hospital funciona. E estranha o fato de rostos desconhecidos terem conseguido entrar no prédio. Geralmente, o esquema de segurança barra quem não tem o costume de andar por lá.
Ele lembra que assinou o cheque de liberação dos R$ 90 mil menos de três horas antes da ocorrência. Os pagamentos de salários começaram às 14h30min, logo após a chegada das cédulas. “Há uma série de coisa que precisa ser apurada. Mas é evidente que houve vazamento de informação, porque a nossa tesouraria só faz pagamento uma vez por mês”, pontua.
Conforme o provedor, em dias “normais”, o setor acumula R$ 5 mil, no máximo. O valor é proveniente das cobranças de consultas e procedimentos em pacientes não-conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo Luís Marques, esta é a primeira vez que a Santa Casa é assaltada. “É um prejuízo inestimável para quem já vive de doações e da caridade da sociedade. Não tenho como repor esse dinheiro”, acrescenta.
O caso foi registrado em Boletim de Ocorrência (BO) no 34º Distrito Policial. Até as 22 horas, o atendimento no hospital era normal. Ninguém havia sido preso. ”
(O POVO)