O Cineteatro São Luiz vai receber, dias 14 e 15 deste mês de setembro, o espetáculo “Eu vou tirar você deste lugar”, baseado em 20 canções de Odair José, numa narrativa não biográfica com roteiro inédito e ficcional, assinado pelo baiano Sérgio Maggio. Odair José faz a supervisão musical. Segundo a assessoria de imprensa do espetáculo, o musical já foi visto por mais de 22 mil espectadores em 100 sessões por quatro capitais brasileiras – Brasília, Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro, além de três cidades do Distrito Federal – Taguatinga, Ceilândia e Gama.
Em Fortaleza, o musical, produzido pelo Criaturas Alaranjadas Núcleo de Criação Continuada, fará três apresentações no Cineteatro São Luiz. Serão duas no dia 14 de setembro, às 14h30 e 19 horas, e uma no dia 15 de setembro, às 19 horas. A sessão de estreia será gratuita para estudantes da rede de ensino público. As demais têm ingressos a R$ 20 (inteira) e R$ 10(meia). O patrocínio é do Programa Petrobras Distribuidora de Cultura.
O Musical
A partir de uma pesquisa sobre arquétipos que habitam as canções de Odair José, quase crônicas do cotidiano brasileiro, o musical se move numa trama que se inicia, em 1923, quando a cidade de São Paulo foi abalada por um escândalo moralista – o assassinato da cortesã Nenê Romano, morta por um jovem e renomado advogado, filho de família tradicional – e segue para o ano de 1973, com o Brasil amordaçado no auge da ditadura militar. “É nesse contexto que surge a história de um jovem que enfrenta a força patriarcal para realizar o sonho de ser um cantor de rock´n´roll. Tensões políticas e jogos de costumes conduzem a narrativa de uma comédia musical formalmente inspirada em gêneros populares”, conta Sérgio Maggio, autor do livro Conversas de Cafetinas (Prêmio Jabuti 2010).
O desafio de criação era compor uma montagem que fosse esteticamente popular como as mensagens das letras de Odair José, mas que guardasse em si um conteúdo de protesto e indignação social, que fez do cantor e compositor um dos mais censurados pela ditadura militar. Para isso, Sérgio Maggio mergulhou numa pesquisa sobre os gêneros populares, que, no Brasil, foram condenados pelo preconceito intelectual por alcançar a larga audiência, não iniciada em arte. Os pejorativamente acusados de popularesco.
“Hoje, a obra de Odair José passou por revisão crítica. Mas, nos anos 1970, ou foi ignorada ou escanteada por alcançar os quartos de fundos da classe média, onde habitavam as empregadas domésticas, e as casas de prostituição (daí ser chamado de brega). Odair José era cantor de rádio AM e o nosso desafio recaiu em criar um musical com o alcance do radinho de pilha. Por isso, fui beber nas chanchadas (cinema), nas novelas de Janete Clair (tevê), nas comédias ligeiras das companhias Eva Todor e Dulcina-Odilon, no escracho de Dercy Gonçalves, nas fotonovelas e radionovelas. Tudo que foi considerado menor, mas que hoje, com os olhos da contemporaneidade, é revisto criticamente”, destaca Maggio.
Em cena, estão intérpretes de três gerações de musicais brasileiros: Watusi (primeira brasileira e negra a estrelar um show no mítico Moulin Rouge, em Paris, e que por 12 anos estrelou “Golden Rio”, tendo Grande Othelo como patner), Jones Schneider (de “O Tocador da Viola Envenenada” e “O Coqueiro que Dá Coco”), Luiz Filipe Ferreira (“O Fole Roncou – Uma História do Forró! e “O Tocador da Viola Envenenada”), Camila Guerra (“OperAta”), Gabriela Corrêa (“L, O Musical”), Rodrigo Mármore (“Á Margem do Abrigo”), Tainá Baldez (“L, O Musical) e Renato Milan (do projeto “Garçons que Cantam”). Na banda, estão Guilherme Gê (teclados), Zé Krishna (guitarra) e André Togni (bateria). A direção musical é de Luís Filipe de Lima (“Sassaricando” e “L, O Musical”), enquanto a direção de movimento, de Márcia Duarte.
(Foto – Sérgio Martins)