Com o título “O pleito que se aproxima”, eis artigo de Emanuel Freitas da Silva, professor assistente de Teoria Política e coordenador do Curso de Ciências Sociais Facedi/Uece e pesquisador do Nerpo (Núcleo de Estudos em Religião e Política) – UFC. Ele aborda surpresas deste pleito e a apatia do eleitorado. Confira:
Enfim, o “tempo da política” chegou. Após as convenções partidárias que sacralizaram as escolhas dos candidatos a disputarem os cargos eletivos, passa-se aos registros das candidaturas nos tribunais competentes e inicia-se a jornada em busca dos votos. Na disputa presidencial, que promete grandes emoções, a largada foi dada pelo primeiro debate televisivo entre os candidatos.
Ao que tudo indica, será uma eleição marcada pelo protagonismo do Poder Judiciário (esse mesmo que condenou e encarcerou Lula, o franco favorito nas pesquisas, e que, ao que tudo indica, o alijará do pleito), das novas redes sociais (palco por excelência daqueles “nanicos” que não terão tempo de rádio e tv considerável para apresentarem-se ao eleitor e, também, espaço primoroso para a desconstrução dos adversários por meio das fake news) e, sobretudo, um pleito direcionado para o “bolso” do eleitor, uma vez que a situação econômica do país, em especial do “andar de baixo”, encontra-se estagnada e com números cada vez mais crescentes de endividamento.
Assim sendo, teremos mais uma vez a famigerada “apatia do eleitorado”, tão ao gostos dos analistas? Lembremos que, a poucos meses, tivemos uma paralisação de caminhoneiros que atingiu a todos, sem exceção. Como as questões ali postas serão tratadas durante o pleito? Inscreveram-se, elas, na memória do eleitor?
E quanto ao desenho da disputa no Ceará? Um governador tenta a reeleição com o apoio de seu padrinho político, com uma ampla coalizão de 24 partidos mas, ao que tudo indica, não conseguiu uní-la em torno dos dois candidatos ao Senado que contam com seu apoio, além de ter de dividir-se entre duas candidaturas presidenciais. O principal grupo que lhe faz oposição, comando por um líder que prometera “cuidar dos netos” após a derrota de 2010, preferiu “comandar de perto” (ou imaginar-se “comandando”) os passos da oposição e apostar as fichas numa chapa cujo candidato surfa na onda da necessidade de “mais força” para as resoluções dos problemas, em especial o da segurança pública.
Para o Parlamento, milionários, militares, religiosos e ex-deputados que almejam voltar à ALCE foram os primeiros a registrar suas candidaturas. Renovação, talvez, só do sentimento de que “é mais do mesmo”. Será?
*Emanuel Freitas da Silva
emanuel.freitas@uece.br
Professor Assistente de Teoria Política
Coordenador do Curso de Ciências Sociais Facedi/Uece e pesquisador do Nerpo (Núcleo de Estudos em Religião e Política) – UFC.