
Camilo Santana e General Theophilo e o embate de programas.
Com o título “Programa do general é bem melhor que o de Camilo”, eis a Coluna Política do O POVO desta quarta-feira, assinada pelo jornalista Érico Firmo. Confira:
Não, não tem nada demais nas propostas de governo registradas pelo candidato do PSDB a governador do Ceará. Há, inclusive, fragilidades bem grandes. Porém, independentemente de se concordar ou não com as ideias, a plataforma do general Guilherme Theophilo destoa do que é regra nesse tipo de documento. É objetivo, define metas específicas e aponta como pretende alcançar.
Claro, é muito pouco. O mínimo que se espera e exige. Mas, os outros não costumam atender nem a isso. A partir daí, pode-se e se deve discutir se as ideias são boas ou não. E, também, se o caminho apontado levará ao objetivo pretendido. No caso das propostas do general, o como fazer é raso em muitos pontos. Rasteiro até.
O mérito é a simplicidade. Por exemplo, a meta 1: “Reduzir em 50% dos homicídios até o final do mandato”. É destacada a situação atual, com 5.134 homicídios em 2017. Ou seja, pretende chegar a 2022 com 2.567. Por que é importante? Para a população fiscalizar e cobrar.
O programa diz como pretende fazer isso, de forma bem sucinta. Fala em dobrar o número de delegacias 24 horas, de aumentar em 50% o contingente da Polícia Civil, impor trabalho nos presídios, criar programa de disk denúncias premiadas. Vai resolver? Cabe discutir. Não soa suficiente para meta tão ambiciosa.
Até porque tem bobagens e generalidades. Do tipo: “Transformar o Ceará em uma ilha de segurança”. Hein? O que exatamente significa? Como será feito? Cai no pecado da maioria: é vago e abstrato.
Outra meta: “Acabar com as filas nos corredores dos hospitais em até 18 meses”. No “como fazer”, fala-se em compra de vagas na rede filantrópica e privada, entre outras ideias. Nada soa muito diferente do que já se faz.
Mesmo com toda limitação e deficiências, coloca a discussão em outro patamar. O que isso tem de bom? Mais fácil entender comparando com Camilo Santana (PT).
Platitudes de Camilo
O programa de Camilo traz diretrizes. Um monte de generalidades. Em 16 páginas, não há um número sequer. Um. Nenhuma meta objetiva, um prazo.
Tem coisas assim: “Estruturação de uma governança participativa”. E pronto. Nenhuma palavra a mais sobre o que vem a ser isso e como será feito. Ou ainda: “Uso sustentável dos recursos naturais como ativos econômicos”. E mais: “Inovação voltada para promoção de uma relação harmônica entre meio ambiente e sociedade”. E também: “Promoção da consciência cidadã e da ética para a convivência interpessoal”.
Na segurança, maior debate do Estado hoje, olha o nível de proposta: “Avanços no fortalecimento institucional dos órgãos de Segurança Pública”. Sério, isso significa que o governador vai fazer o quê? Tem também: “Priorização das ações de combate ao crime organizado em território estadual”. Ué, já não era assim?
O programa de Camilo não deve se restringir a isso. Na eleição passada, depois das diretrizes, foi elaborado um documento final. Era bem mais consistente, embora não muito mais específico quanto a metas, compromissos claros e prazos. Sabe quando foi lançado? Após a eleição. Isso mesmo. Camilo já estava eleito quando apresentou programa de governo. O eleitor só soube depois de grande parte da plataforma. Caso descobrisse discordar do que estava ali, seria tarde demais.