Com o título “Sorridentes & visionários”, eis artigo de Mauro Oliveira, professor e pesquisador da Funcap. Ele fala da inauguração de um hospital privado, mas destacando um Pinheiro bem Cândido. Confira:
Então… como é que eu não conhecia esse cara? Conheço tanta gente legal em Fortaleza: soltei arraia com o Zé Maria Porto na Praça do Carmo; joguei futsal com o Maia Júnior; sonhei um Aracati com Cláudia Leitão & Sofia Lerche; fui professor do Cláudio Lenz; Nonato Luiz musicou meu poema “Uma parte”… Conheço todo mundo, mas eu, 50 anos de praia, não conhecia esse cara que “rebuliu” comigo, numa solenidade.
Solenidade às vezes é bicho chato, uma “idiossincrasia fálica inadimplente”. Já foram em solenidades tipo matriz NxN, aquelas em que os N abestados da mesa cumprimentam N vezes seus iguais? São mais tediosas do que aniversário de sogra (que nem sua parente é… rsrs!): você ameaça, cochila… e ronca! É de lascar o cano!
Esquecemos que o tempo é nosso bem mais precioso, até darmos conta de que ele, o tempo, é inexorável e fugaz… ou que “todos os dias quando acordo/ não tenho mais/ o tempo que passou/ mas tenho muito tempo…” (Renato).
Eis que, de repente, estava eu lá, sorumbático, em mais uma possível “idiossincrasia”. Ao chegar, de relance vi uma figura simpática, sorriso farto e uma barba slim que lhe dava um ar mais jovem (acha ele!). Pelo chapéu preto e pelo assédio dos fotógrafos, deduzi na bucha: só pode ser o “cantor” da banda.
Mas que nada! O “cantor” de chapéu preto e barba slim era o anfitrião, mah! Como é que eu, 50 anos de praia, não conhecia esse cara? Após levitar risos dos contumazes, o “cantor” fala da vida, da mulher, da vida que brota da mulher… fala como se entoasse “Luar do Sertão” de Seu Luiz!
Lembrei-me, na hora, do meu amigo de tantas, Demócrito Dummar (Av. Aguanambi, 282), que era assim também, envolvente sem muito esforço, sedutor ao primeiro sorriso. Pois não é que, na sua primeira fala, o “cantor” cita o Demócrito! É lasca, né? São “sincronicidades” (palavreado que o ministro Gilberto Gil me aprendeu) de homens sorridentes & visionários.
Já na sua segunda fala, o pragmático & cândido “cantor”, sorridente & visionário, corta o cordão umbilical do hospital exclusivo da saúde da mulher, que leva o nome de sua funcionária mais antiga: Eugênia Pinheiro, guerreira vinda dos cafundós do Quixadá!
Sorridentes & visionários! São seres holísticos que “resistem a tudo, menos à tentação” (Wilde).
*Mauro Oliveira
amauroboliveira@gmail.com
Professor do IFCE Aracati; pesquisador Funcap.