Com o título “Fortaleza, cidade e arte”, eis artigo do geógrafo José Borzacchiello, professor emérito da Universidade Federal do Ceará. Ele destaca a evolução da cidade com seus centros culturais. Confira:
Fortaleza e outras metrópoles brasileiras incorporam o mercado das artes e se conectam com o mundo trazendo exposições itinerantes, alcançando destaque na mídia. A mostra “O mundo mágico de Escher”, quando exposta no Centro Cultural do Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, foi a mais visitada no mundo e despertou interesse entre especialistas para compreender o atual apetite brasileiro pelas artes. As exposições itinerantes e suas relações entre museus, centros culturais e metrópoles tornaram cidades mais conhecidas, inclusive, por sua capacidade de atrair investimentos culturais. Mais recentemente, os centros culturais ganharam visibilidade e passaram a integrar o rol de políticas públicas.
O conceito de centro cultural se consolidou com a construção do Centro Georges Pompidou, de Paris, mais conhecido como Beaubourg, inaugurado em 1977, onde funcionam museu, biblioteca, centro musical e de pesquisas pertinentes à área cultural.
Gestores de várias cidades, empresários e pressão de artistas e intelectuais, detectaram nas metrópoles a possibilidade de constituírem lugares onde a cultura pode exercer múltiplos papéis, inclusive, ocupar lugar de destaque na agenda oficial. Essa relação e, principalmente, a possibilidade de transformar a cultura em políticas públicas e investimento, alcançou as cidades brasileiras.
Os grandes museus de reconhecimento internacional encontraram nas exposições temporárias forma de oferecer a diferentes organizações culturais voltadas às artes de vários países do mundo a oportunidade de mostrar ao público modelos e estilos de manifestações artísticas. Além disso, essa prática apresenta múltiplas vantagens: reforça a imagem institucional e cultural do museu, permite ganhos financeiros, amplia o acesso à informação artística à grande massa e expande seu raio de ação.
Fortaleza se inseriu na rede globalizada de exposições mais recentemente e tem revelado competência e qualidade nas que instalou. O público da Cidade tem prestigiado e, certamente, contribuirá para a afirmação da capital cearense neste setor especializado da atividade cultural. Quanto ao número de equipamentos, Fortaleza segue o rumo das grandes metrópoles brasileiras e conta, dentre outros, com o Espaço Cultural da Unifor, o Museu de Arte do Ceará do Instituto Dragão do Mar de Arte e Cultura, o Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará e o recente Museu da Fotografia.
O Espaço Cultural Unifor já recebeu exposições de artistas de renome da arte internacional, como Rembrandt, Rubens e Miró, e artistas brasileiros consagrados, como Iberê Camargo, Beatriz Milhazes, Adriana Varejão, Hélio Oiticica, Leonilson, dentre outros. O Museu de Arte da UFC possui valioso acervo com obras de Raimundo Cela e Antonio Bandeira.
Fortaleza, arte e metrópole, simbiose com espacialidades específicas, ajustadas às diferentes demandas. Os equipamentos culturais valorizam a Cidade, caracterizam bairros, formam e atraem cidadãos. São capazes de criar pontos de referências facilmente identificados por diferentes públicos.
*José Borzacchiello da Silva
borzajose@gmail.com
Geógrafo e professor emérito da Universidade Federal do Ceará.