Com o título “Aécio já atravessou o Rubicão”, eis artigo do jornalista Plínio Bortolotti. Ele aborda essa relação do PSDB de Aécio com o governo de Temer e as chuvas e trovoadas políticas que estão por vir em 2017. Confira:
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo (27/12/2016), o senador Aécio Neves, presidente do PSDB, derramou-se em elogios ao presidente. Disse que o distanciamento do PSDB do governo, agora, custaria “imensamente caro ao país” e que seu partido deve estar “ao lado de Michel Temer”, em qualquer circunstância.
E traçou um perfil idílico de seu partido. “O PSDB tem uma característica: por mais que existam disputas, nós nos gostamos, acredite nisso. No fundo, somos diferentes, de formações diferentes, mas gostamos de sentar e conversar sobre o mundo, de conversar sobre nada, sabe? São todos homens públicos, gente do bem.” (#sóquenão)
Mas parece que Aécio faltou às aulas de História, levando-se em conta esta sua afirmativa: “Eu conduzirei o partido com as forças que eu puder ter para viabilizar essa agenda de reformas para que nós possamos atravessar o Rubicão e chegar a 2018 com o país melhor”.
Na verdade, o senador já atravessou o Rubicão, mas parece ainda não saber. “Atravessar o Rubicão” tornou-se sinônimo de tomar uma decisão da qual é impossível voltar atrás, um ponto de não-retorno. Portanto ao atravessar o rio, encontrar-se-á, na outra margem, a batalha, a guerra – e não a tranquilidade como pensa o senador.
Aécio começou a atravessar o Rubicão quando entrou com processo no TSE para cassar a chapa que o derrotou nas eleições; depois, trabalhando pelo impeachment de Dilma. E terminou de transpor o rio quando atrelou seu destino ao de Temer, nó que não pode mais desfazer.
A origem do termo remonta ao ano de 49 a.C. O rio Rubicão estava no limite da República Romana e uma lei do Senado obrigava que todos os generais desmobilizassem suas tropas antes de entrar em Roma, para proteger o governo civil. O general Júlio César resolve atravessar o rio com seu exército, desata uma guerra e assume o poder, tornando-se ditador vitalício.
Portanto, atravessar o Rubicão é início de uma batalha e não descanso dos tucanos do outro lado do rio, como sonha Aécio.
PS. A melhor metáfora hidrológica continua com Romero Jucá. Ele queria um “boi de piranha” para que ele e sua manada atravessassem tranquilamente o tormentoso rio da Lava Jato.
*Plínio Bortolotti
plinio@opovo.com.br
Jornalista do O POVO