A consultora política Mônica Nabhan, integrante da Associação Brasileira de Consultores Políticos (ABCOP), avalia, em entrevista exclusiva para este Blog, as chances das presidenciáveis Manuela D´Ávila (PCdoB) e Marina Silva (Rede Sustentabilidade) nas eleições de 2018. Ela aponta tendência de redução do protagonismo feminino na disputa, embora destaque que as mulheres estão bem representadas com as duas pré-candidaturas.
Mônica Nabhan, que atua no Mato Grosso do Sul, será uma das participantes do um dos participantes do 13º Congresso Brasileiro de Estratégias Eleitorais e Marketing Político, que será realizado nos dias 18 e 19 de maio de 2018, no Centro de Eventos do Ceará. Confira a entrevista:
Blog – Ao longo das duas últimas eleições presidenciais, duas candidaturas de mulheres tiveram forte protagonismo (Dilma Rousseff e Marina Silva). Quais as perspectivas para este ano, uma vez que, em uma campanha que tende a ter muitos candidatos a presidente, até agora, surgiram apenas duas pré-candidaturas de mulheres, ou seja, novamente a de Marina Silva e de Manuela D´Ávila? Estamos caminhando para uma eleição com redução da presença feminina em espaços majoritários?
MN – Acredito que sim, pela descrença pela política que vivemos atualmente. É um fator cultural e a mudança de uma cultura leva muitas décadas para acontecer.
Só em 1932 o decreto 21.086, publicado por Getúlio Vargas, garantiu o direito de as mulheres serem elegíveis. Desde lá, levamos 58 anos para ter as primeiras senadoras, 62 para ter a primeira governadora e 79 para ter a primeira e única presidenta do país.
Desde 2009 a lei diz que cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% (trinta por cento) e o máximo de 70% (setenta por cento) para candidaturas de cada sexo e exige a obrigatoriedade de aplicar recursos partidários na promoção da participação feminina. Acredito que essa lei não vem sendo fiscalizada com a aplicação de punições. Como acredito que não haja realmente condições, por parte das mulheres, de participar ativamente das questões políticas, nem no Brasil, nem na maioria dos outros países.
A maioria das mulheres tem dupla jornada de trabalho, tendo que equilibrar tarefas profissionais, pessoais e familiares, restando pouco, ou quase nenhum, tempo ou energia para a política. Ganham menos também e dedicar-se à política exige investimentos.
Somado a tudo isso a política tem um ambiente hostil, para ambos os sexos, e acho que para isso as mulheres são menos resistentes. Mas as duas candidatas à presidenta que temos até agora me parecem muito combativas e preparadas. Estamos bem representadas.
Blog – Quais componentes digitais podem ser considerados de maior peso nas eleições majoritárias e nas campanhas proporcionais? Há diferenças no uso desses componentes entre as disputas majoritárias e proporcionais?
MN – Todo candidato deve possuir seu kit básico: site com blog, página em Facebook, Instagram e Twitter, nessa ordem de prioridade e administrado por profissionais extremamente competentes. Nada de empirismo. Cada um deles com sua linguagem específica. Isso é muito complexo, pois trata-se de um trabalho que não pode ser feito por amadores e muito menos pelo próprio candidato. Mas acho que tudo isso não dá grandes resultados se não houver o que ser mostrado.
Acredito muito mesmo no poder do WhatsApp. Cento e vinte milhões de brasileiros o acessam todos os dias e várias vezes por dia. Mas ele tem restrições, pode ser denunciado como spam. Portanto todo cuidado é pouco para usar essa grande ferramenta. Os candidatos teriam que ter começado a usar essa ferramenta com fins políticos há muito tempo. Não é possível começar a usar agora para não parecer oportunista e causar rejeição. E nem pensar em criar grupos. Isso é inadministrável. Linhas de transmissão dão menos trabalho e mesmo assim tem que se ter um bom back office.
Os candidatos proporcionais têm mais chances de se comunicar bem com seus públicos através dessas ferramentas, devido à maior proximidade que estabelecem com seus eleitores.
Blog – Como mesclar de forma adequada os componentes digitais e não-digitais nas campanhas de forma a se conseguir êxito na estratégia traçada para o candidato?
MN – Já me referi sobre os digitais relacionados à Internet. Podemos considerar que a TV já é digital em grande parte das cidades, atingindo 90 milhões de brasileiros até agora. Esse é disparado o maior meio de informação do brasileiro e tem um peso absurdo na época da campanha.
Produzir bons programas para o horário eleitoral e ser notícia nesse meio é um grande desafio a ser cumprido. E nada disso se consegue sem ter bom aliados, recursos financeiros para viabilizar isso com bons profissionais e estrategistas, pois campanha política tem um custo muito elevado.
Mas no atual ambiente político, de nada isso tudo adianta se o candidato não tiver uma história política íntegra e de feitos para divulgar. Esse sim, o capital político do candidato, vai ser o fiel da balança neste pleito, e espero que nos demais. Portanto os novatos e outsiders terão poucas chances.
Sobre o Congresso
Com o tema “Novas estratégias eleitorais para um novo ambiente político”, o congresso discutirá temas como renovação política, uso da Internet nas campanhas eleitorais, novas técnicas de comunicação e de mobilização eleitoral e campanha permanente dentre outros.
SERVIÇO
*Para maiores informações e inscrição no congresso, os interessados devem acessar o endereço eletrônico: www.estrategiaseleitorais.com.br ou manter contato pelos telefones 85.3246.2399 e 85.99644.0065.
*Centro de Eventos do Ceará – Avenida Washington Soares, 999 – Fortaleza/CE.
Foto – Divulgação)