Da Coluna Política, no O POVO deste sábado (6), pelo jornalista Érico Firmo:
Ao se lançar candidato, o Capitão Wagner (PR) enfatizou não ser “nem esquerda nem direita radical”. Procura dialogar com eleitores de ambos os campos e, sobretudo, com a maioria, que não fica de lado nenhum. Uma curiosidade sobre a vida política de Wagner: quando ele decidiu se lançar candidato pela primeira vez, para a eleição de 2010, ele não tinha vínculos políticos ou preferências. Com respaldo da base da Polícia Militar, queria se eleger deputado estadual. Ele já travava embates com o governo Cid Gomes. Então, procurou opções na oposição. E a primeira legenda que buscou foi o Psol, segundo conta. Nunca obteve resposta. Então, procurou outra sigla de oposição. Acabou no PR, onde está até hoje.
São legendas drasticamente opostas. O Psol é da esquerda radical, da qual Wagner nega ser parte. O PR é o sucessor do antigo Partido Liberal, o PL, que por muito tempo foi controlado pela Igreja Universal. Tem raiz de direita e essência conservadora. Está aliado a PSDB e PMDB, espinha dorsal do governo Michel Temer.
Caso Wagner tivesse se filiado ao Psol para a eleição de 2010, teria dado ao partido votos suficientes para eleger João Alfredo deputado estadual. Hoje adversário de Wagner na disputa pela Prefeitura, João teve 33,6 mil votos. Wagner teve 28,8 mil. Nenhum deles foi eleito naquela ocasião. Mas isso é outra história.
Na outra das maiores coligações, Roberto Cláudio (PDT) pertence a grupo que se reivindica de centro-esquerda. É assim visto no âmbito nacional, embora seja rejeitado pela esquerda tradicional no Ceará. Na administração, o prefeito teve embates com os setores considerados mais progressistas – o mais contundente deles sobre os viadutos do Cocó. Mas adotou série de medidas, sobretudo na área de mobilidade, que representam acenos para esses segmentos. As mais perceptíveis são ações voltadas para bicicletas e corredores de ônibus.
Entre aliados de Roberto Cláudio, alguns defendiam que ele escolhesse vice que representasse aceno à esquerda. O deputado federal Chico Lopes, do PCdoB, seria a alternativa nesse caso. Chico, inclusive, tomou cuidados nas últimas semanas, na comunicação de seu mandato, para não ficar inelegível. Mas, para a função, a opção do prefeito acabou sendo por perfil oposto. Moroni é de partido de direita, o DEM. Tem no histórico ideais conservadores. Votou pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT). A antítese de tudo que o grupo Ferreira Gomes tem defendido no plano nacional.
Roberto Cláudio acredita que o fator local será preponderante e a crise em Brasília terá pouco efeito na eleição, em comparação com fatores locais. É bem provável. Seja como for, em ambas as alianças, há fortes relações com o governo Temer e a defesa do impeachment de Dilma.