Em carta aberta enviada ao Blog, os candidatos do PT professor Eudes Baima (Executiva Estadual) e professora Zezé Moraes (Executiva Municipal) comentam do pedido de Luizianne Lins em avaliar a proposta de filiação ao PSB. Confiram:
Companheira Luizianne Lins,
Já há vários dias, os militantes do PT ouviam que Eduardo Campos lhe convidaria para se transferir para o PSB. O que os militantes do PT não sabiam era que você tinha aceitado discutir o convite, isto é, que você cogita se desligar do PT para se candidatar pelo PSB.
Disso os petistas só ficaram sabendo pelas páginas do O Povo e do Diário do Nordeste. Ao DN, você declarou que, “é um debate que eu vou fazer com o meu grupo político”. Ao O Povo, você informou que “não sabe o que pode acontecer” e, ademais, que vai “apresentar a proposta que me fizeram ao meu grupo político”, indicando que, “até o fim do mês e começo do próximo, a gente vai discutindo”.
Assinalemos, pois não é secundário, que você informou que vai discutir com “seu grupo político”, o que é legítimo, mas não indicou se e quando vai discutir com o PT.
Companheira Luizianne,
Você, nas declarações, dá a entender que sua decisão de discutir “com seu grupo político” o convite do PSB decorre de sua divergência acerca do PT permanecer no Governo Cid Gomes e de sua defesa da candidatura própria em 2014.
Nossa chapa, inscrita no PED, tem levantado esta necessidade. Mas lembramos que a aliança com os Ferreira Gomes foi produto da decisão da DS, seu “grupo político”, de apoiar a candidatura de Cid no Encontro Estadual de 2006, posição reafirmada na eleição municipal de Fortaleza de 2008. Não é pequena sua responsabilidade por estes 7 anos de subordinação do PT à oligarquia Ferreira Gomes que resultou em nossa derrota eleitoral nas eleições municipais do ano passado.
Mas, companheira Luizianne, a alternativa de aceitar o convite do PSB para ser candidata a governadora, no momento em que o PSB nacional entrega os cargos no Governo Federal, anunciando a candidatura oposicionista do oligarca pernambucano Eduardo Campos, como quinta roda da carroça de Aécio Neves, do PSDB (acordo abençoado por FHC, lembre-se) seve a quem, senão às forças retrógradas e reacionárias que você diz querer combater?
A subordinação do PT às oligarquias locais é resultado da aliança nacional com o PMDB, do sabotador Michel Temer, que, é defendida não só por Rui Falcão, mas igualmente pelo seu candidato à presidência nacional, Paulo Teixeira (que quer “qualificar” o acordo com Sarney, Renan, Jader e outros).
Os primeiros debates do PED, mesmo no campo estreito e antidemocrático deste sistema de eleição, mostram que há campo para a luta contra a aliança nacional com o PMDB e contra os decorrentes acordos com as oligarquias regionais, como a dos Ferreira Gomes, no Ceará. É no PT que temos de lutar para que o partido se livre destas alianças. Os militantes, nos debates, mas também nas ruas, colocam esta necessidade.
Você, entretanto, sinaliza no sentido oposto, ao aceitar discutir a candidatura a governadora pelo PSB, oferecendo palanque no Ceará para a candidatura presidencial de Eduardo Campos. Com toda sinceridade, não queremos crer que esta posição esteja relacionada com a recusa da DS, em Pernambuco, de entregar os cargos que detém no governo Eduardo Campos.
É chocante para os militantes do PT ler sua declaração no jornal O Estado de S. Paulo, “Eu ouvi o que ele tinha a dizer, foi muito bacana. Ele soube do meu isolamento no Ceará e me valorizou”. Chocante ver você colocar sua carreira política individual acima dos interesses da classe trabalhadora, encantada por ser “valorizada” por Eduardo Campos, privatista e que atua como linha auxiliar de Aécio Neves, que se prepara para lançar sua candidatura em oposição ao PT!
Companheira Luizianne,
Você diz que não deve satisfações à oligarquia, mas apenas à militância. É justo! Mas quem é a militância? Onde ela está organizada? De que militância você fala? Se a militância a quem você deve satisfações não for a militância petista, de quem se trata? Você esteve frente a frente com um número não desprezível de militantes do no debate entre os candidatos a presidente nacional, na sexta, dia 20, não era a eles que você deveria ter se dirigido em primeiro lugar?
Companheira Luizianne,
Se você quer discutir a necessidade de romper com os Ferreira Gomes e, acrescentamos nós, com a aliança nacional com o PMDB, estamos à disposição para levantar esta bandeira no PT, como já estamos fazendo, inclusive no PED. Mas não podemos aceitar que, em nome de carreiras políticas, a qualquer pretexto, se tente rebocar a militância do partido para a candidatura de Eduardo Campos, fruto do acordo espúrio entre a cúpula do PSB e o PSDB. Estamos pela vitória do PT em 2014, para constituir um governo que cumpra os compromissos originais do nosso partido.
Fraternalmente,
Eudes Baima – Candidato a presidente estadual do PT-CE
Zezé Morais – Candidata a presidente do PT Fortaleza
Chapa Constituinte por Terra, Trabalho e Soberania.