Em artigo no O POVO deste sábado (3), o médico, antropólogo e professor universitário Antônio Mourão Cavalcante avalia a lentidão da Justiça. Confira:
Há três anos (25/7/2010), Fortaleza ficou estarrecida com um crime estúpido. Um policial mandou que uma moto parasse. Embora não houvesse blitz e sem ouvir a indicação, passaram direto. Numa moto, pai e filho, dirigiam-se ao trabalho. Foi o suficiente para o policial sacar de sua arma e atirar. Acertou na nuca do rapaz da garupa. Fulminado, ficou a poça de sangue no asfalto.
Clamor geral… Só que até hoje a Justiça não conseguiu concluir o processo. Há sempre mais uma filigrana. Uma assinatura. Um carimbo. Uma diligência.
Nos Estados Unidos, na cidade de Cleveland (Ohio), a polícia descobriu que um cara mantinha em cativeiro três jovens mulheres foram libertadas no dia 6 de maio deste ano. Enquanto prisioneiras, as três jovens sofreram constantes abusos como espancamento e estupro, que resultou inclusive no nascimento de uma menina e múltiplos abortos. As mulheres viveram muito tempo na casa sem ver a luz do sol e amarradas por cordas e correntes em determinadas ocasiões.
A repercussão foi intensa… O dono da casa, Ariel Castro, de 52 anos, foi preso pouco depois da libertação e levado à corte sob as acusações de rapto e estupro. Em 1º de agosto, Castro foi condenado à prisão perpétua e mais mil anos de cadeia, sem direito a liberdade condicional.
Isto é, em menos de três meses estava tudo resolvido. O crime devidamente julgado.
A Justiça aplicada. Por que no Brasil é diferente? Por que tanto arrodeio? Por que tanto formalismo?
No caso Bruce, o processo estaria – ainda! – na fase de instrução criminal. Querem até ouvir o ex-secretário da Segurança, Roberto Monteiro, que hoje mora em Curitiba. Mas deverá ser feito através da Justiça do Paraná. Aqui, para nós, precisa mesmo de tudo isso? Por que estes procedimentos são tão complicados?
Nos Estados Unidos, de onde tudo copiamos, o suspeito está condenado. Ficará até o fim de seus dias. Fez-se a justiça dos homens. Rápida. Eficiente. Conclusiva. Por que não buscamos aprender o que funciona? A morosidade da Justiça é um fator cúmplice do crime.