“Com o título Por que Marco Feliciano?”, eis artigo da deputada estadual Eliane Novais (PSB), que preside a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa. Mais um texto que lamenta a indicação do pastor que andou falando mal de homossexuais e negros. Confira:
O dia 7 de março de 2013 foi marcado pela inaceitável repudiada eleição, a portas fechadas, do deputado federal Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), para presidir a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Para quem desconhece o referido parlamentar, em uma rápida pesquisa na internet é possível encontrar seu lamentável histórico de declarações preconceituosas contra negros, portadores de HIV e homossexuais.
É inconcebível (e é uma afronta à sociedade) a eleição para a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados de alguém que, além de não ter nenhuma representatividade ou identificação com os movimentos sociais, caminha na contramão das lutas libertárias da sociedade de hoje. Alguém que, ao invés de defender, trabalhar pelo respeito às minorias sociais, profere ataques reforçando velhos estereótipos e preconceitos. E alguém que, além de ser acusado de racismo e homofobia, também responde a uma ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF) por estelionato.
Este episódio é mais um fato que contribuiu para desmoralizar a imagem do legislativo federal e para aumentar a descrença da sociedade na política. Diante de tanto absurdo, merece ser ressaltada a grande mobilização nacional em torno do assunto e como a sociedade brasileira – especialmente os jovens – vem se mostrando atenta aos descalabros da política brasileira, indo às ruas protestar. O repúdio da sociedade ao nome deste deputado demonstra o quanto é inviável sua permanência no comando da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Até ontem, uma petição on-line em favor da destituição do pastor Marco Feliciano (PSC-SP) da presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados havia ultrapassado a marca de 340 mil assinaturas.
A Câmara dos Deputados precisa estar atenta ao sentimento da sociedade e, urgentemente, deveria rever esta eleição da presidência da Comissão de Direitos Humanos. Não pelo fato do deputado Marco Feliciano ser evangélico ou pertencer a qualquer outra religião, mas pela sua conduta pública.. É preciso cautela ao atrelar essa postura do deputado a sua crença religiosa, do contrário estaríamos cometendo o mesmo erro de postura preconceituosa com os evangélicos. , acima de qualquer crença religiosa, está o respeito a todo e qualquer ser humano, independente das suas escolhas sexuais, cor, gênero, raça ou opção política
Considero, portanto, a eleição do deputado Marco Feliciano para presidir a Comissão de Direitos Humanos e Minorias, um retrocesso às conquistas e bandeiras dos direitos humanos. As escolhas partidárias não podem se sobrepor ao desejo da sociedade. Os valores fundamentais da luta pelos direitos humanos, em uma sociedade democrática, está balizada na posição de defesa dos excluídos e marginalizados, na defesa da vida e, principalmente, no combate a todas as formas de violência e preconceito.
* Eliane Novais,
Deputada Estadual e Presidenta da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Ceará.