“Em meio à onda de denúncias de irregularidade envolvendo a construção de kits sanitários em cidades do interior do Ceará, a Secretaria das Cidades demonstra reconhecer lacunas na fiscalização das obras e diz que estuda formas de aumentar o controle. Segundo o secretário executivo da Pasta, Sérgio Barbosa de Souza, é possível que, daqui para frente, as associações que assinarem convênio com o Governo tenham que apresentar o georreferenciamento das residências beneficiadas.
Isso significa que as entidades terão de demarcar, com um aparelho GPS, a localização exata das casas onde forem construídos os banheiros – não apenas listando os endereços nominalmente, como é feito hoje. “É uma burocracia grande, mas vamos ter de fazer”, admitiu.
Conforme O POVO tem publicado desde a última semana, uma associação cultural de Pindoretama recebeu R$ 400 mil para construir 200 kits sanitários que não foram localizados. Além disso, o endereço informado pela entidade não existia, assim como em mais um caso informado hoje pelo O POVO, desta vez sobre uma instituição do município de Pacajus, que recebeu valor maior: R$ 700 mil.
Questionado se a pasta costuma conferir a veracidade dos dados das associações, Sérgio Barbosa disse que, devido à grande quantidade de convênios, não há processo de checagem in loco dos endereços. Sobre o caso de Pindoretama, ele afirmou que, desde a assinatura da parceria, a Secretaria tem enviado correspondências à rua e ao número informados, sem perceber qualquer anormalidade.
Incomum, mas legal
Outro ponto que chama a atenção no caso de Pindoretama é o fato de a associação cultural daquele município ter sido contemplada pela verba da Secretaria das Cidades cerca de apenas 20 dias após a data de sua criação. Algo comum no Governo? Nem tanto, conforme o coordenador Administrativo-Financeiro da Pasta, Ronaldo Borges. Entretanto, segundo ele e o próprio Sérgio de Souza, o rol de critérios para a assinatura de convênios não estabelece tempo mínimo de existência da entidade. “A associação de Pindoretama atendia aos requisitos. Tinha CNPJ, apresentou todos os documentos necessários”, explicou o secretário.”
(O POVO)